CAMILO SANTANA, CANDIDATO DO CLÃ GOMES, VENCE NO CEARÁ

Desconhecido pela grande maioria do eleitorado cearense no início da campanha, o candidato do PT, Camilo Santana, venceu as eleições para o governo do Estado, neste domingo, com 53,24% dos votos, contra 46,76% de seu rival, Eunício Oliveira (PMDB). Até às 20h15, 96,21% das urnas haviam sido apuradas. O futuro governador representa a continuidade da atual gestão, comandada pelo clã Gomes. Há oito anos, Cid Gomes (Pros) governa o Estado que tem o terceiro maior colégio eleitoral do Nordeste, com seis milhões de eleitores.
No início da campanha, Santana tinha menos de 10% da preferência do eleitorado, segundo as primeiras pesquisas eleitorais. Mas após o forte apoio dado pela família Ferreira Gomes, sua candidatura deslanchou e, nos últimos levantamentos, o petista despontou numericamente à frente de seu rival. Cid Gomes não poupou esforços para impulsionar a candidatura de Santana e participou, inclusive, de "adesivaços" em cidades estratégicas. No primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) registrou 68,5% da preferência do eleitorado no Estado.
Em sua trajetória política, Santana foi o deputado estadual mais votado do Ceará em 2010, quando recebeu mais de 131 mil votos. Licenciado do cargo, assumiu a Secretaria de Cidades, antes de ser escolhido pelos irmãos Gomes para disputar o pleito estadual. Durante a campanha, foi acusado de envolvimento no chamado "escândalo dos banheiros fantasmas", por conta de supostos fechamentos de contratos fraudulentos para a construção de banheiros para famílias de baixa renda. Entre suas principais propostas, está a ampliação de escolas de tempo integral, a melhoria da qualidade de serviços de saúde e a organização da área de segurança pública, um dos temas centrais desta eleição.
Camilo sai vitorioso de uma das campanhas mais agressivas que o Ceará já teve, em que sofreu - e também fez - diversos ataques conta Eunício. O pemedebista chegou a acusar o petista de "homem dócil", que não teria dificuldades para obedecer seu chefe (Ciro). "Essa história de "família Gomes' não é um clã. Estamos na vida pública, não por interesse pessoal, ou familiar, mas por vocação para servir", rebateu o governador.
"Essa campanha teve uma característica dúbia: de um lado você teve um candidato que se esforçou e, foi visto pela sociedade, para apresentar propostas (...) e de outro, uma espécie de biruta de aeroporto, com propostas mirabolantes ou a mais pura e desqualificada agressividade", disse Ciro Gomes, em referência a Eunício.
Após o primeiro turno, a campanha foi marcada por escândalos, com batidas policiais, recolhimento de materiais difamatórios, como faixas, jornais e DVDs e batidas policiais. Houve ainda processos, por parte do próprio governador, contra policiais acusados de fazer campanha na Internet. No segundo turno, para evitar crimes eleitorais, a segurança em 11 municípios cearenses foi reforçada por 2.500 oficiais da Força Nacional.
O envio das tropas foi autorizado após o governador Cid Gomes ter acusado a atuação de supostas milícias policiais facilitando crimes eleitorais em favor do candidato peemedebista no primeiro turno. Eunício, por sua vez, acusou Camilo Santana de usar a máquina pública para ampliar sua vantagem na disputa.
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