BRASIL REGISTRA AS DUAS PRIMEIRAS MORTES DE JORNALISTAS EM 2018
Considerado um dos paĆses mais perigosos do mundo para o trabalho de jornalistas, o Brasil registrou na semana passada os dois primeiros assassinatos de 2018: Ueliton Brizon foi morto a tiros em Cacoal, RondĆ“nia, na manhĆ£ de 16 de janeiro, e o radialista Jefferson Pureza foi morto a tiros na manhĆ£ do dia seguinte, dia 17, em Edealina, GoiĆ”s.
Pureza era conhecido na regiĆ£o de Edealina (140 km ao sul de GoiĆ¢nia) por ser a voz crĆtica da RĆ”dio Beira Rio FM, onde conduzia o programa “A Voz do Povo”.
Segundo informações da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), ele foi assassinado na garagem de casa por dois homens em uma moto, que acertaram três tiros em sua cabeça. A namorada e a sogra estavam dentro da residência, mas não foram atingidas.
O radialista era crĆtico de polĆticos da regiĆ£o, em especial do atual prefeito Winicius Arantes de Miranda, o Dr. Winicius (PSB).
Em novembro passado, Pureza perdeu na JustiƧa eleitoral uma ação em que pedia a cassação de Miranda por captação e gasto ilĆcito de recursos. O juiz Hermes Pereira Vidigal apontou “ausĆŖncia de provas” na sentenƧa. O processo fora movido por Pureza e pela candidata derrotada nas eleiƧƵes de 2016, Cristina Leandro Neves (DEM), que Ć© diretora da rĆ”dio Beira Rio FM.
A rĆ”dio estĆ” temporariamente fechada desde novembro passado, quando foi incendiada. O presidente do Sindicato dos Radialistas e PublicitĆ”rios de GoiĆ”s, Miguel Novaes Filho, relatou Ć Abraji que Pureza jĆ” havia informado a PolĆcia Civil de GoiĆ”s que estava recebendo ameaƧas anĆ“nimas.
Jornalista e polĆtico
JÔ Ueliton Brizon foi morto com quatro tiros quando estava acompanhado da esposa em sua motocicleta em Cacoal, cidade a 480 km de Porto Velho, na manhã de 16 de janeiro. O criminoso fugiu e ainda não foi identificado.
Brizon era dono e editor do site Jornal de RondÓnia, além de presidente municipal do PHS (Partido Humanista da Solidariedade) e suplente de vereador na Câmara local.
"Independente da motivação do crime, Ć© fundamental que seja investigado com eficiĆŖncia, com a identificação dos responsĆ”veis e seu encaminhamento Ć JustiƧa. A impunidade, tanto nos crimes decorrentes do exercĆcio da atividade jornalĆstica ou com outras motivaƧƵes, Ć© um grave problema em nosso paĆs”, disse Ricardo Pedreira, diretor executivo da ANJ (Associação Nacional dos Jornais).
Em nota, a Abraji informou que “hĆ” indĆcios de que ambas mortes estĆ£o ligadas ao exercĆcio da profissĆ£o, o que faz dos crimes atentados Ć liberdade de imprensa”. O documento pede aos governos de RondĆ“nia e GoiĆ”s "resposta enĆ©rgica” nas investigaƧƵes.
“A impunidade em crimes contra comunicadores Ć© a senha para novos ataques e representa o inĆcio de um cĆrculo vicioso de auto-censura. Esclarecer esses crimes Ć© posicionar-se em favor da liberdade de expressĆ£o e da democracia”, encerra a nota.
O Ćŗltimo relatório da Unesco (órgĆ£o da ONU para educação e cultura) sobre o assassinato de jornalistas, divulgado em novembro passado, coloca o Brasil em sĆ©timo lugar, com cinco mortes em 2016, ano de referĆŖncia do estudo. O PaĆs estĆ” atrĆ”s apenas de MĆ©xico, AfeganistĆ£o, IĆŖmen, Iraque, SĆria e Guatemala. No ano anterior, o Brasil figurava na quinta posição.
R7
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