MISSÃO ROSETTA: POR QUE O POUSO EM UM COMETA É TÃO IMPORTANTE PARA A CIÊNCIA
Complexa e inovadora, a missão pode trazer respostas sobre a formação do Sistema Solar e a origem da água — e da vida — na Terra

Uma espera de mais de dez anos chegou ao fim nesta quarta-feira, quando uma missão espacial pela primeira vez pousou em um cometa. O feito foi comemorado por astrônomos e curiosos no mundo todo, quando às 14h03 (do horário de Brasília) a confirmação do pouso chegou à base de controle da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), na Alemanha.
Estudar cometas é importante porque eles são “sobras” bem preservadas da formação do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. “Os cometas vieram de uma região remota do Sistema Solar e são compostos por materiais de sua origem”, explica Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos. O módulo Philae vai estudar a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, buscando a água e o material orgânico presente nesse corpo celeste que, de acordo com algumas teorias, podem ter sido responsáveis por trazer a água ou até mesmo os componentes orgânicos necessários ao surgimento da vida para a Terra. Ele vai analisar a composição do gelo do cometa, para ver se corresponde à composição de isótopos da água terrestre.
O conhecimento adquirido com a missão Rosetta pode ser útil até mesmo para proteger a Terra de asteroides em rota de colisão no futuro. “Esse não era o objetivo inicial da missão, mas a tecnologia do pouso em um objeto pequeno com gravidade baixa que se move muito rápido é certamente bem-vinda”, diz Rojas.
O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko não é tão bonito de perto quanto aqueles que costumamos observar da Terra. Na posição em que se encontra no espaço, ele é composto apenas pelo núcleo, um corpo de gelo e pedaços de rocha. Somente quando se aproximam do Sol os cometas emitem gases e poeira de seu interior, devido ao aquecimento, e ganham sua cauda brilhante característica. Como Rosetta alcançou o corpo celeste ainda distante do Sol, poderá acompanhar toda a sua transformação durante a aproximação com a estrela — uma pesquisa inédita.
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