BOLSONARO ATACA CONGRESSO E DIZ QUE VÍDEO QUE DIVULGOU É DE 2015

O presidente Jair Bolsonaro atacou o Congresso Nacional, a Justiça, a imprensa e os povos indígenas na live desta quinta-feira (27). O mandatário reclamou das pautas que não andam no Congresso, das decisões da Justiça que atrapalham o que ele gostaria de fazer, dos povos indígenas que, nas palavras do presidente, "não são gente" no Brasil e da imprensa que "ataca" o seu governo.
Quanto ao Congresso, o presidente iniciou a live confessando a falta de capacidade em aprovar medidas que ele considera importantes para o seu governo. "Alguns falam que eu não tenho articulação com o Congresso. Eu realmente não consigo aprovar o que eu quero lá. E até gostaria que fosse colocado em pauta algumas coisas, mas não é colocado em pauta. É um outro poder que você tem que respeitar, é a regra do jogo, tem que respeitar. Mas eu gostaria que a MP da carteirinha digital de estudante, fosse colocada em pauta. Não foi colocada em pauta, caducou", se queixou o mandatário.
"É a mesma coisa da nossa medida provisória dos balancetes. A nossa medida provisória estava permitindo, que o empresário, que era obrigado a publicar seus balancetes em jornais de grande circulação caducou, ela permitia que se fizesse nas mídias sociais, custo zero", reclamou Jair Bolsonaro. "Lamentavelmente, o que aconteceu com essa medida provisória? Não foi votada", concluiu.
Mais uma vez o presidente foi pra cima dos povos indígenas e insistiu no discurso de que, no Brasil, o índio não é tratado que nem gente. Ele disse isso no afã de defender o projeto que libera mineração em terras indígenas mesmo contra a vontade dos índios. "Pode ver, o nosso projeto de lei agora, um projeto de lei dando direito do índio ser um cidadão igual a você, igual a eu. Lamentavelmente pelo que estou sabendo, a Câmara não vai colocar em pauta, nem vai discutir o projeto de lei, nem vai discutir. O índio iria passar a ser tratado igual um cidadão brasileiro. Os Estados Unidos fez isso, o índio lá é gente, aqui não. Aqui o índio não é tratado como um ser humano, ele é tratado como um objeto", declarou.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse, após receber o pedido de algumas das maiores lideranças indígenas do país, como o Cacique Raoni e a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara, que não pautaria na Câmara, nenhum projeto que prejudique os povos.
Para o presidente do Brasil é impossível cuidar da segurança de um país tão grande. "Agora não vem me cobrar que eu fiscalize uma área do tamanho do Sudeste. Dá pra você imaginar o tamanho do Sudeste? (...). Possa fiscalizar roubo de madeira, contrabando de pedras preciosas, não tem como fiscalizar isso dai", declarou e disse que se o projeto de exploração em terras indígenas for aprovado, isso passará a ser possível, sem, no entanto, explicar como.
O presidente disse ainda que não consegue fazer mais pelo Brasil porque a Câmara não pauta os projetos do governo. "Gostaria de fazer muito mais pelo Brasil, mas tem um problema, estou há seis meses com um projeto dentro da Câmara, para que a validade da carteira de motorista vai de cinco para dez anos e não vai pra frente o projeto", reclamou.
O presidente também declarou que quis acabar com os radares móveis no país e criticou a Justiça que impediu. "A Justiça foi contra a gente", disse. Em tom de desânimo, Jair Bolsonaro se queixou: "Parece que não posso mudar nada".
O presidente também relembrou o caso do secretário da fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, que foi impedido de assumir o cargo da secretaria, que tem como uma de suas funções zelar pela cultura afro-brasileira. Sergio foi impedido devido a declarações que fez contra essa mesma cultura e por ter afirmado que não existe racismo no Brasil. Para Bolsonaro, a Justiça cometeu um crime ao impedir a nomeação. "Dizer que ele não pode ser secretário, isso é um crime, meu Deus do céu".
Após todos os ataques, o presidente disse que não iria criticar os outros poderes. "Eu não vou criticar o parlamento, não vou criticar o parlamento. Assim como não critico o pessoal do Supremo Tribunal Federal. Respeito os poderes. Agora, nós temos que insistir, persistir", disse.
Depois de criticar as ações de independência que os outros poderes fizeram, Bolsonaro disse zelar pela independência. "Não estou ofendendo o parlamento brasileiro, muito pelo contrário, eu quero um parlamento cada vez mais independente e atuante. E a Justiça também, independente e atuante. O Executivo também, nós somos independentes. Não existe qualquer críticas aos poderes", declarou.
Ataque a imprensa
O presidente também disse que chamar a imprensa de "podre" é um elogio. Muito irritado com a publicação da jornalista Vera Magalhães, que em uma reportagem afirmou que o presidente publicou um vídeo convocando a população contra o Congresso, Bolsonaro teve uma fala controversa. "O que eu mandei para poucas dezenas de pessoas no meu círculo de amizades, e eu mando sem filtro, são ministros, personalidades, que impactam talvez entorno de 40 a 60, tá certo? E a Vera Magalhães teria recebido um vídeo de eu pedindo sim o apoio para a manifestação de 15 de março de 2015", disse.
"O vídeo que está na matéria dela não tem nada haver, fala da minha vida, da facada, da campanha, nada além disso", defendeu Bolsonaro após afirmar que não teria enviado o vídeo. "Mais um trabalho podre que a mídia toda repercutiu", disse. "O vídeo não tem nada contra o Congresso Federal, esse possível vídeo que ela printou e passou pra frente", falou o presidente na live.
O mandatário afirmou que Vera Magalhães o "atacou" porque o jornal que ela trabalha recebe dinheiro do governo de São Paulo. Bolsonaro disse ainda que vai pedir para os empresários pararem de anunciar nos jornais que o atacam. "Na Folha de S. Paulo, por exemplo, não anuncia lá".
Para negar uma matéria publicada pelo jornalista Guilherme Amado, da revista Época, disse que não iria descer o nível, mas que a fonte do repórter "conhece ele desde que ele nasceu". O mandatário chamou o jornalista de "bocó da mídia".
Congresso em Foco
Post a Comment